
O livro contínuo na escrivaninha cheio de pó e de tempo, nunca o abri, sempre o preservei como cândido, nunca quis ler o que escreviam e ditavam as suas páginas, hoje velhas e rotas e pesadas de tempo.
O título é O Segredo do Desconhecido, talvez por isso nunca o quis abrir, o desconhecido sempre me aliciou a continuar todo o meu caminho e a tentar sempre o próximo passo e o seu segredo não era para mim um grande tesouro.
Mas hoje chegou o dia, dirigi-me a escrivaninha e disse para mim mesma que o iria abrir, que iria finalmente desfolhar todos os seus segredos, sentei-me, endireitei as costas o mais que pode, tirei o pó da capa com a palma da mão e abri-o.
O livro estava em branco, com algumas páginas amarelas da velhice, mas branco e imaculado, sem um risco de tinta sem uma palavra, ai sorri e pensei para mim mesma, que depois daqueles anos todos muitas vezes ainda era crédula, é claro que ninguém conhece o segredo do desconhecido, a solução é arriscar, tentar, perder, mas vive-lo.
Ainda bem que mesmo sem ler o livro branco sempre fiz isso, e por isso hoje ainda te tenho aqui, depois daquela noite e depois daquele livro…