terça-feira, setembro 30, 2008

Volta



Se eu não voltar, não fiques a minha espera, cresce e voa como só tu podes flutuar.
Parto com todo o sentimento de mais uns dias em que me entrego e te ofereço todas as coisas que conheço, não quero que me vejas a ir embora assim com esta presença triste e entranha de murmúrios medrosos...
Se eu não voltar sorri, porque estás nas memórias cristalinas e crispadas que me são familiares.
Deixo-te respirar mais uma vez ao pé de mim, da minha pele e do meu verdadeiro eu profundo e sedoso, queria-te aqui debaixo da minha derme sempre bem protegido de um ou outro sentimento mais cruel que o mundo te queira entregar...
Se eu não vier, voa, voa para longe com toda a força que demonstras no olhar, e persegue-me, agarra-me, prende-me e liberta-me desta pressa de chegar a um dia que não se avizinha ao longe...
Hoje não chego, é mais um daqueles dias em que parto, e partir é ao mesmo tempo ficar disjunta em partes iguais, que me doem e me trespassam, porque transito entre dois lugares, aquele onde me aparto e outro onde me deveria encontrar...

Se esta noite tiver que ficar aqui a olhar-te nas memórias, aparece no escuro e no encoberto da noite porque em mim há sempre lugar para ti minha eterna metade... a porta está aberta.