segunda-feira, julho 31, 2006

Porta fechada


A vontade de te apagar é tanta, mas a coragem para o fazer é tão pouca, imagino-te ao meu lado a seres realmente tu, a desencadeares em ti o teu processo da verdade do sentimento.
O teu olhar queima o meu e fujo dele como da minha própria morte, muitas vezes quando penso ou olho para ti sinto-me morta, porque não tive coragem, fugi à responsabilidade de ser mulher, de ser pessoa, de ser feliz...
Agora só me resta ver-te ao longe, avistar o teu cheiro e imaginar a tua voz, a nossa barreira invisível, aumenta todos os dias mais um bocadinho, mas em vez de nos afastar, aproxima-nos ainda mais.
Estou ao teu lado não me olhas, mas sentes-me, o teu cheiro mistura-se com o do ambiente e chega-me com carinho ás narinas, tenho tantas saudades tuas, da suavidade da nossa existência conjunta, mas hoje para ti apenas sou mais uma na multidão, que tentas disfarçadamente não dar importância...também tu sentes o meu cheiro e anseias o meu toque encarnado na tua cara.
Caminhamos cada um para seu lado e fechamos ao mesmo tempo portas diferentes, fico contente porque por momentos, míseros segundos, voltei a sentir-te, voltei a sentir-me preenchida...

terça-feira, julho 25, 2006

Sentimento de uma invisivel


O fumo cerca-me, encontro-me invisível...
A crença de ser alguém já desapareceu à muito, não existo, não me compreendo, sinto que apenas sou carne.
Olho-te como estranho, prefiro assim, a tua rudeza e carnificina, consumiram-me por dentro, apanhaste-me na teia e consumiste tudo como lume...
A luz chegou, sou apenas mais uma invisível, apenas a invisibilidade me transborda, sou corpo, sou apenas corpo...
Cresço com isto, continuo a existir com esta tormenta, quero-te mas não te suporto, desejo-te mas tenho nojo da forma como olhas a vida, fedes mas o teu odor atrai-me.
Sigo no comboio e olho o horizonte, estou longe de tudo, longe de ti e do teu cru, a minha essência renovasse á medida que me afasto, sinto-me viva, sinto-me mulher...
Conto os dias, as horas para não te sentir cá dentro, para não querer o teu beijo e o teu toque frio, gélido e negro.
O dia nasce, a vida corre, tudo passa, percorro a memória para apagar tudo, para que tudo fique esquecido. A partir de agora quero ser gelo, quero que me toques, me sintas fria e que o arrepio percorra o teu corpo, porque também tu és só carne...

Nada sinto
Nada respiro
Nada carrego no peito
Nada penso
Nada transpareço
O tempo não sente o nada
E o nada corre devagar

Devagar me entrego
Devagar me transfiguro
Devagar o nada enche o espaço do futuro
Nada há...Nada existiu...

segunda-feira, julho 17, 2006

Corpo e Alma


Esta angustia de te ter está a dar a minha alma aos pássaros. Desperdiço os dias vagueando nas ideias remotas do passado.
Hoje chove e isso deixa-me ainda mais melancólica, a vida é a maior injustiça que conheço, pois já te perdi mesmo sabendo que ainda estas comigo. Não quero que vás, quero que me leves dentro de ti e que me guardes numa caixa magica, especial, única...
Sei que todos os dias chegamos mais perto do fim e tento diariamente não pensar nisso, ganhar coragem sempre q estou junto de ti a saborear-te, provar o inimaginável.
Mas quando não estas perto, invade-me o medo, e volta a turbulência de pensamentos que me agitam e vão envelhecendo de dor...de receio
Dependo de ti, do teu eu, da tua força bruta e subtil, do teu jeito meigo de seres Homem, da tua presença muitas vezes discreta mas indispensável.
É quando fecho os olhos que te sinto, é quando respiro que te ouço, é quando te abraço que fico cheia de um amor que não existe....e mesmo assim sei que mereces muito mais do que a medíocre dependência que tenho de ti!
Quando fores embora, num dia de chuva como hoje, ficarei à janela a ver a água bater no vidro, cada gota será uma picada no meu peito, já endurecido
Ninguém, nem eu nem tu, pode evitar o inevitável, mas podes sempre abrir a caixa quando quiseres...nela estará a minha voz...nela estará o meu sorriso...nela serei sempre tua...
Porque no escuro um dia me fizeste ver a luz, porque consegues ver-me sempre...até quando sou invisível...

domingo, julho 16, 2006

Dor e vontades


A noite envolve-me, com ela sinto-me gélida, as saudades de um abraço quente , de um olhar macio e de umas mãos carinhosas, sentem-se muito mais no negrume da noite!
Vejo-te, sinto-te comigo, a tua voz soa na minha cabeça e não me deixa perder a esperança que tudo acabe!
A malvadez do mundo sufoca-me, este egocentrismo é pura e simplesmente senil! Solta-me! Leva-me! Nos teus olhos sei que encontro a paz!
Continuo aprisionada aqui no escuro e as minhas memorais vão aumentando o minha angustia. Queria que elas fugissem que me deixassem repousar, tranquila! Estou febril nauseada, cadavérica e sinto-me cada dia a morrer aos poucos! Quero que o meu espirito flutue porque não aguento mais o cheiro a mofo nem a cadáveres putrefactos, não posso estar louca, eu sei, eu sinto até o cheiro se consegue tocar.
Neste momento até as lagrimas que me caem no rosto são gelo, nada em mim está vivo, tudo morre, não me tenho de pé, mal posso respirar, falta-me o sangue nas veias e a clareza nos olhos.....só a tua lembrança insiste em ficar.....por favor quero dizer Adeus!


Este texto é para todos aqueles que morrem no desespero da dor, sozinhos, numa cama branca e fria!