
No meu de tanto envolver a inocência já se tinha ido embora, ela e toda a razão que se encontrará dentro deles os dois e dos seus corpos agora suados e escaldantes.
Foi ali no meio do negrume e da terra húmida que se deu o acto, o pecado a desonra. Desonra de quem? Não se sabe ao certo, talvez dos dois que caíram nos desatinos do instinto latente.
Não se amavam, não se adoravam, nem sequer se conheciam, apenas saciavam o prazer de ter outro corpo no deles, outras mão suaves a tocar todos os pontos com desejo, a descobrir todas as partes fracas, a envolve-los com uma sede animal de querer, eram naquele instante duas pessoas juntas mas ao mesmo tempo concentradas em si, corpo.
Foi ali naquele chão que o mundo parou por segundos e assistiu a desonestidade de fracas personagens de vida real e quotidiana. Ali se envolveram e rebolaram com o pudor normal de dois desconhecidos familiarizados um com o outro.
E eis então que o prazer veio, veio ele e logo a seguir, de raspão e veloz a vergonha e a imundice de quem sabe e não precisa de o ouvir, nem sequer de o relembrar.
Sem despedida e sem um adeus, sem um beijo, sem piedade. Num lugar que de quente se consumiu, ficou sem vida, sem sentimento, sem o absoluto do vazio e do nada.
1 comentário:
fantástica descrição do sentimento de desejo... gostei! bela série de textos estes! ficção de grande qualidade! um dia tb gostava d o conseguir fazer...
bj desses mesmo que estás a pensar!lol!
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