domingo, novembro 25, 2007

Raiva

Apenas se deslumbra o vermelho ao longe o vermelho do fogo que queima as árvores e os pastos, ele tinha crescido naquelas terras e a elas tinha regressado, porque estas tinham o cheiro Dela, ainda conseguia deslumbrar a Sua boca os Seus olhos e as Suas bochechas coradinhas das correrias que davam, corridas de apaixonados, corridas de namorados cobertas com a primavera que os transportava no dorso.
Mas o tempo tinha passado e as gentes da terra tinham-no afastado e levado a única a magnifica a indestrutível mulher da sua vida.
Agora era ele e o fogo, a medida que a terra ardia a raiva desfazia-se e deslizava como agua pelo seu corpo abaixo, até ao chão, tinha vivido com ela tanto tempo que não sabia como era o seu verdadeiro eu sem a sua companheira de longa data, de aventuras e caminhadas.
Por fim ali onde ela se apresentara pela primeira vez iria despedir-se dela e voltar a respirar outra vez, livre do pecaminoso sentimento.
Veio a manha e o fogo apagou-se, a raiva foi embora, o rancor e o desespero do único desejo que o tinha movido até ali...a vingança... já que nunca mais poderia ter o sorriso o abraço nem o beijo Dela...

Vaidade


Linda como sempre, bela no seu esplendor ai vem a Vaidade com a sua feira de bijutarias e coisa fúteis, a Mesquinhes acompanha-a na procissão, praça abaixo-praça acima e todos os olhares se voltam para o vestido ornamentado e os químicos faciais dentro dos lugares certos que a enfeitam.
É pena o coração da Vaidade não poder ser maquilhado, não poder ser reconstruído nem disfarçar as imperfeições do tempo com as tintas milagrosas que vem nas embarcações, produto fino, caro e de qualidade que qualquer senhora adoraria ter.
Apenas a Vaidade tem direito a eles, pavoneia-se abanando as jóias e o corpo ao som da multidão que pára para a ver passar. Apesar de todos os olhares observadores ninguém vê a rapariguinha feia e frágil que se esconde nas vestes de uma rainha, de uma meretriz de uma mulher forte seca e independente, ninguém vê a pobre rapariga que apesar de todas as pinturas todos os vestidos e todas as riquezas está, no meio dos olhares e do magote...sozinha

Pecados




Quem te disse o que era o pecado enganou-te, o pecado persegue-te até dentro da tua própria casa, dentro dos teus sonhos e das tuas certezas. Ele fica sempre á espreita, olha com um sorriso doce que sabe a amargo, ao mais cáustico que existe. Ele observa-nos constantemente com o olhar de sangue e fealdade que lhe crescer a cada segundo nas veias. Ele permanece contente com todos os que sucumbem a sua ambição, a ambição dos cobradores, dos trepadores e dos vermes...