quinta-feira, dezembro 28, 2006

Momentos de rua


Queria dormir contigo esta noite, sentir a tua barba a roçar na minha cara, ter o teu cheiro pelo corpo e saboreai-lo, olhar para os teus olhos e saber que embora fechados estavam a olhar para mim, a imaginar-me num lençol preto...saber que me desejas. Queria-te ao meu lado hoje, que me sentisses mulher, tua como sempre, tua como continuo até hoje.
Entra-me este cheiro nas narinas que vem com um sabor gelado, mas que me aquece por toda, este cheiro que eu adoro e que me faz lembrar a presença e o toque daquilo que mais desejo.
Saio para a rua nesta tarde morta de inverno em que todos tem caras pálidas de desespero. Sento-me num banco e observo as folhas a cair, lentamente...adoro-as quando caem assim e aterram suavemente no chão como se fossem um tapete persa para as pessoas que as pisam, elas caem como a esperança, a minha cai por terra em cada minuto que passa por nós e pela nossa historia.
Sinto-me fraca, no meu deste frio, inspiro todo o ar frio que posso porque este não tem cheiro e expiro, deito tudo cá para fora num sopro para ver se desapareces por magica. Mas os anjos não desaparecem, ficam sempre eternos e levam a nossa alma com eles, sinto falta de ambos, da alma e de ti...
Quando surgis-te na minha vida apanhaste-me desprevenida, envolvi-me na paixão desenfreada e sentida pelos dois. Mas não te acuso da dor que sinto agora, preciso apenas de ficar só...aqui...com a luz da rua acesa só para mim...quero ficar aqui no meu canto...porque a via segue lá fora...
Queria só que um dia voltasses, que abrisses essas lindas asas para mim, que o teu corpo fosse meu, que mesmo despida não sentisse frio...

sexta-feira, dezembro 01, 2006

O cheiro branco



Deito-me nos lençóis lavados de fresco, aquele cheiro agrada-me, remonta-me sempre á infância, são brancos e fazem com q o meu descanso pareça de um anjo. Cheguei hoje aqui a viajem foi longa mas o sitio vale todo o esforço.
Da janela de casa vejo a rua de pedra e a gente genuína que estranha aquela pessoa desconhecida. Não vim para ficar, vim para respirar a pureza que não encontro á muito na minha vida, sozinha com a mala e os livros. Vim apenas organizar todos os pensamentos bons, e esconder os maus na prateleira, este é o sitio ideal para isso.
Deixo-me estar mais um pouco deitada, a sentir o branco do ambiente e esticar as pernas cansadas. Aqui tudo cheira a novo velho.
Saio para dar um longo passeio, caminho por sítios que não sei o nome, mas para mim basta apenas observa-los. Encontro assim um riacho que me desperta os sentidos, dispo todas as roupas, meto-me dentro de agua, e sinto-me renovada, desfruto tudo aquilo que realmente é meu, a felicidade vem-me de dento e sorrio.
Saio da agua água fresca e sorridente uma boa meia hora depois. Quando viro a cabeça vejo-te a olhar para mim, com a tua cara de pasmo... agarras-me de saudades e eu cedo, encontraste-me ali, ainda não sei porque nem como, mas antes de saber a resposta, já estou no chão.
Beijo-te tanto como se todos os meus beijos fossem acabar, toco tudo o que tenho ali, perto, mas que sei que não é meu. Dispo-te e desejo-te mais a cada segundo. Consumo-me de duvida mas apago-as como a fósforos. Leio o teu desejo e quero-o para mim, sinto-te ali e entrego-me...deixo que me explores o corpo e que me toques na carne...tudo em nós arde, apenas arde e consome um pouco mais de nós por dentro.
Acaba e ficamos ali, até que tu adormeces-te, de cansaço dos quilómetros que percorres-te, e de todo o envolvimento nosso, deixo-te ali a dormir, prefiro que acordes sem mim e penses em mim como um sonho.
Desloco-me vagarosamente rápido do local, estou gelada por dentro. Quando cheguei, tomei uma banho e deitei-me na cama branca enrolada na toalha, os lençóis ainda cheiravam a fresco, mas eu estava podre no fundo.
Ali no branco chorei as ultimas lagrimas negras, senti a dor e adormeci com ela ao meu lado. A meio da noite levantei-me, olhei para a lua, disse-lhe olá, sentei-me no parapeito da janela e senti que te tinhas ido de vez...realmente tudo tinha acabado...resolvi o que faltava. No dia seguinte fui-me embora