sexta-feira, outubro 19, 2007

Preto


E depois da luz o que fica? Apenas o preto e o barulho das pessoas que teimam em passar e ignorar a tristeza que vai dentro dos olhos fechados. É neste preto que me fecho em copas e deixo que os outros sejam aquilo que querem transparecer. Assim como em todos os dias o preto circunda e fecha a mente de todos, para os outros, guarda em cadeados os sentimentos que não querem sair de dentro da massa compacta de pele, negra, encardida e suja da humidade e da poeira, do fumo que paira no ar.
Ninguém respira neste mundo sufocado de anti depressivos tristes que nos anestesiam e nos toldam o querer. Ninguém quer acordar do jogo de marionetas, então sujam-se incessantemente no preto e carrancudo. Sorriem para dizerer a elas próprias que são extremamente felizes, que vivem contentes, satisfeitas com a mesquinhês e a morbilidade do preto.
Estive sempre no meio deste carrancudo circulo de vida, depois vieste ter comigo, foi sem duvida a chuva que te trouxe e lavou tudo o que estava em cima da minha pele e da minha alma. Depois de ti foi-se o preto ficou apenas a transparência de duas mãos dadas e de dois olhares que se comunicam e se tocam sem uma única palavra, sem um único gesto.
Agora no mundo das transparências, tudo volta ao seu lugar ideal e os sentimentos são límpidos como a água, e escritos sem pudor, sem dor e sem vergonha de ser julgados pela verdadeiro calor de ser, de acreditar, de amar....
Assim amo todos os dias mais um bocadinho com vontade que o crescer nunca acabe e que o preto nunca volte....
Assim mantenho a minha mão na tua bem firme, forte, colada para não te ver partir um dia sem mim, para mesmo quando ela não estiver, guardar sempre o cheiro e para que volte sempre para a minha... firme forte... única...