domingo, outubro 15, 2006

Sonhos perdidos e encontros achados


Os sonhos passaram por nós, como flechas que se enterram no peito, eram verdades absolutas, sem tristezas nem magoas, sinto saudades do teu olhar, da inocência que tudo torna feliz, o tempo é como um gume que vai cortando a esperança lentamente...
Espero que ainda sonhes agora, queria voltar a ver esse brilho nos teus olhos, queria muito que fosses feliz...mais feliz do que eu, do que o meu teatro que transformo em vida, feliz no fundo, feliz por completo.
Não fiques sem sonhar nunca, o sonho alimenta a tua alma e corrompe graciosamente a dos outros. Foste tu a maior loucura insólita que cometi, foste o grande potenciador de sentimentos que desconhecia, despertaste-me assim o sentir.
Amei-te num instante, desejei-te noutros, quis ser tua com uma intensidade infinita, adorei cada pedaço da tua natureza selvagem, puramente culta, mas tudo passou. Deixaste-me para trás no sitio mais cómodo que encontra-te para a minha solidão, mas deveras assustador para mim, tudo foi num breve momento, num pedaço de pergaminho da historia da vida, mas comigo ficou sempre a tua face, o teu timbre e o teu olhar de repouso profundo.
Perdi tempo em pensamentos e sentimentos inúteis, a musica deixou de suar da mesma maneira desde então. Fizeste com que eu descobrisse o desespero e mostraste-me a saudade do que não existe, a saudade do sonho.
Hoje o teu olhar está cravado em mim, sei que me observas e te apercebes que me procuras-te em todas as tuas amantes. Continuas amarrado a mim como no primeiro olhar, como no primeiro beijo, como no primeiro afecto.
Olho-te nos olhos e vejo o teu nu interior a crepitar, a tua tristeza ensombra-te, porque manténs as recordações dos momentos em que foste infinitamente feliz. Na tua alegria exterior encobres o sofrimento...teu...o sofrimento nosso....ai percebo que tu também nunca mais voltas-te a sonhar...