segunda-feira, setembro 24, 2007

casa calor e lareira


Podes sempre voltar para casa, aqui no cantinho onde a lareira está sempre acesa e encontrarás o cheiro a lar espalhado pelas divisões. Podes sempre vir para o colo que te embala na noite em que vêm as más memorias, que tudo brota do coração no repente do desespero calado pela vida.

Todos os dias fico aqui a espera que venhas com esse sorriso que preenche todas as horas dos meus dias mesmo quando não estas, podes vir com o cansaço de dias porque aqui junto de todas as coisas doces a paz chega sempre para os dois.

Espera-te sempre um banho e uma cama limpa, fresca com um corpo quente que te deseja, espera-te sempre a luz carmim, que ofusca a visão de dois humanos que juntos se julgam imortais e sentem a vida a transpirar-lhes nas mãos.

Aqui espero, em casa, naquele aconchego que só é completo contigo, aqui fico sozinha contigo no peito, à espera do cheiro e do carinho que acaba sempre por vir, por chegar e que um dia sei que ficará envolto na sensualidade de sentir.

Por hoje apenas fica um calor daquele corpo teu e meu que foi com o tempo, por hoje fico eu no canto a olhar para a cama revolta... aqui no canto continuo à espera do tempo e da felicidade...

sábado, agosto 25, 2007

Madrugada





A noite e o breu batem á porta nesta madrugada lenta, que teima em não passar, o tempo demora-se por estas bandas, a noite acompanha-o sempre.

Mais um dia de respirares lentos e de sonhos adiados, para o amanha, que chega tardio e sofrido de ansiedades. Coisas minhas, de quem no olhar de presente tem um querer, um toque e uma ternura que demora e pernoita noutro sitio.
Deito-me sobre um leito frio, com um corpo de mulher sozinha que se entrega nos sonhos de quem lhe deslumbra as entranhas.
Continuam a bater todas as horas nesta madrugada traiçoeira, mas eu fico quieta e espero, espero por quem virá, mesmo não sabendo o caminha, sei que o encontrará pela desejo de o saber de cor. Hoje na noite sem estrelas e de luar que se encandeia ao longe, fúnebre, a esperança não morre porque a saudade não deixa... na penumbra de mais um negro desespero o sonho faz-me sempre ficar contigo... porque o mais pequenino querer é sempre maior que todo o desejo, respiro-te aqui... no sonho onde encontro um nós complexo e completo...

Todos os Mundos


Todas as palavras do Mundo não chegam... para nós, nunca chegarão para definir o olhar que nos hidrata a pele e nos cristaliza a alma.
Todas as essências do Mundo não chegam... porque não conseguem definir nem alcançar o significado dos sentidos perplexos.
Todos os sorrisos do Mundo não chegam... procuramos sempre o seguinte, porque a felicidade renasce a cada momento, a cada baque do relógio...a cada silêncio...
Todos os beijos do Mundo não chegam... porque haverá um ultimo em que se fica sempre a pensar no próximo.
Todas as alegrias do Mundo não chegam se não tiver o outro mim do meu lado... Todos os Mundos não chegam... se não te tiver aqui para partilharmos o meu....

quarta-feira, julho 25, 2007

Sentir Vermelho


Sinto-me através de ti, da tua masculinidade, da beleza carnal das tuas mãos. Sinto a maciez da tua pele e da minha enquanto estas se desejam.
Pele contra pele, corpo contra corpo, mulher contra homem. O querer chama-os, insiste em vê-los juntos, a fixa-los, a uni-los...
Observas-me pausadamente e eu vou permitindo, permito que vejas toda uma transparência que surgiu para ti, para que me conhecesses em bruto, em cru, em mim.. ponho-me nua de medos e receios...ponho-me disponível para ser...
O meu corpo apenas existe quando lhe tocas, devagar, saborosamente devagar...ai concluo-me de sentimentos carnais, que me despertas com a tua avidez de sentidos.
Entregamo-nos ali um ao outro lentamente tentando que tudo pareça eterno( porque é esse o desejo) e tudo á volta incendeia, transforma-se em fumo, desaparece. Ficamos ali os dois, nós e o cheiro de todos os momentos que nos correspondem.
Pertencemo-nos, confessamo-lo com o olhar, com os beijos que se desenrolam como palavras...
Envolves-me todo o corpo com os nossos vícios, vícios de dois corpos despidos que se querem, ali onde só existem eles e o ar que circula, o todo que sobra é apenas o quente, o doce-amargo, o encarnado...todo o resto é sentir...
Do outro lado, noutra sala que não nos pertence, o relógio não para, os ponteiros continuam o seu circuito...e chega a altura em que os corpos se apartam e deixam para trás o perfume...e o silêncio....

Um conto...



E foi assim...

O comboio apitou, fez soar aquele apito gélido que derreteu o coração dela para sempre.
Ele foi embora com a mala pequena no braço e toda a esperança dela no corpo, o corpo que agora estava integralmente dormente de tão árido e repleto de amargura.
As lágrimas não caíram, a tristeza era tanta que congelou tudo, até o olhar. Aqueles olhos pretos, duas azeitonas perfeitas e belas, secaram, nesse dia em que viu partir o mundo dela, o seu grande alento, o seu maior tesouro, ele partiu com um casaco amarrado à cintura e a fé dela medida entre a trouxa da mala.
Amara-o sempre, e amaria para sempre...
Naquele dia não chorou, engoliu todas as magoas para dentro, as magoas e o orgulho de quem ama mas não respira o cheiro intenso dos sentimentos.
Nunca mais andou de comboio, pois foi este que lhe levou para longe os olhos castanhos mais bonitos que conhecia. Só chorava durante a noite, quando ninguém estava presente, só estava ela e a lua, o resto era a protecção infinita da solidão. Chorava sozinha, até gastar toda a agonia de quem está só. Era como se estivesse num túnel escuro, diariamente engolia o orgulho, mostrando aos outros indiferença, a indiferença de uma mulher bonita, que apesar continuava sozinha.
Ela sabia que não fora o comboio, mas culpava-o, depois daquele dia tudo de caloroso que existia desapareceu, todos os sonhos embarcaram com ele naquela viajem.
Ia todos os dias ao rio ouvir a transparência da água fresca, pura, como os sentimentos calados mas nunca esquecidos que dela provinham. Sentava-se ali, pedia para que a água o trouxesse de volta, para que esta lhe devolvesse o que a linha lhe tinha tirado, queria que ele chegasse com toda a audácia que lhe pertencia e o sorriso rebelde de menino que ainda conservava. Mas ele teimava em não vir e ficava só ela a lua e a água...

Numa noite nem com muitas, nem com poucas estrelas, lá estava ela, ali sentada, a pedir baixinho que a volta fosse breve...sentiu uma mão no ombro, um calor repentino e um cheiro conhecido...virou-se e viu uma cara cravada de rugas e de tempo... e um desejo de um beijo...o desejo de um corpo...

domingo, julho 22, 2007

Sussuros


Vejo-te todos os dias, quando fecho os olhos, é assim que te declamo todos os sentimentos que me passeiam pelos sentidos. É com o olhar que te sussurro... ao ouvido, as palavras que me definem como inteiramente tua...
Essas palavras estão a ser postas num papel branco, hoje, porque o caminho para a tua pele é distante, apesar de esta aquecer a minha todos os dias, e a tocar bem levemente, saborosamente... Toco assim o papel, com múltiplos carinhos, porque este é para ti, para sentires na ponta dos dedos todos os sabores e todo o desejo que te deposito.
Sento-me então nas escadas, e escrevo a carta que me transporta até ti e me permite conquistar-te, sentada deixo que o ar passe por mim, e me alivie o desconforto de uma saudade miudinha que se encontra comigo a toda a hora, ela marca a sua presença e não deixa de sussurrar ao meu ouvido que tu te encontras longe.
Mas eu sorriu ao escrever-me, porque apesar de tudo, gostar-te faz-me feliz.
Assim encho folhas e folhas de um papel sem vida que me autoriza a por lá a minha.
Deixo que as palavras se sincronizem numa dança, construída para ti, para te embalar quando fechares os olhos e me vieres sussurrar ao ouvido... palavras do sentir...

domingo, junho 03, 2007

Arrepio


Levantei-me no frio e soube-te ali, arrepio, que me percorres a pele com um beijo e me transformas em sentimentos novos de uma vida que já não me pertence.

Sinto-te quente e forte, arrancas-me da historia, cansas toda a minha segurança do nada, deixas que eu me guie pelo cheiro, eu sigo-te e continuo a sentir-te...arrepio. Desces toda a minha verdade como um remoinho e deixas que ela se torne mentira, erros são o que me espera se não te tiver nesta hora, quero-te e deixo que isso encaminhe todos os meus passos até ti...arrepio.

Deslizo e deixo-me atrair pelo teu sabor, que me parece familiar, e que nunca provei, relembro toda uma paixão que não sentia á anos e alimento-me dela violentamente, quero-a, ela que venha e que tome tudo em mim que me leve, que me desabroche.

Abro os olhos e sei que estás ali, arrepio...choro todas as minhas magoas num minuto, pois sei que irá tudo ser desigual, fizeste-me diferente...quero-te diferentemente.Toco-te e envolvo-te em tudo o que é meu, deixo de ter medo nessa hora porque tudo o resto está lá fora, o meu mundo está aqui comigo bem junto a nós e continua a querer arduamente, a sentir desesperadamente um arrepio...

terça-feira, maio 08, 2007

Primeiro e Ultimo



Sempre me fizeste rir assim, como hoje, em que parecemos loucos embriagados pela nossa alma, que transborda dos nossos corpos. Quem nos respira é o céu, limpo como cristal, hoje seremos o que é nosso, estica todos os teus músculos e deixa-os relaxar com a sensação de não serem teus, vem cá, fica aqui e esquece, esquece os dias que nos transformam em pedra granítica, que nos fixam á terra como rochas intocáveis, somos tão frágeis como os outros, sabes bem disso.
Podemos gritar, grita tudo o que sentes e vomita-o para o céu que ele aceita todos os teus pecados, e os meus…pecados ou prazeres, escolhe tu…somos feitos do mesmo sumo, da mesma essência, basta-me olhar para ti para te ler, para saber que tu és mim, escreve-me na areia hoje, faz-me sentir especial no meio de tantas, acredito em ti mesmo sabendo que estas a mentir.
Dá-me só um beijo, o primeiro e o ultimo, o início e o fim para eu sentir tudo ao mesmo tempo, o ganho e a perda, consome os meus sentimentos só com esse beijo e sente a minha energia unir-se a toda a tua cedência.
algo que não existe. Aqui debaixo deste céu vamos tentar morrer nessas vidas e viver uma que acabe já amanha, no fim da madrugada, e voltaremos a nascer como aves sem asas para voar.
Toca em mim e guarda o som da minha pele, deixa o vento levar as lembranças desta noite que será a ultima….que será esquecida….mas muitas vezes relembrada…. Ama-me por hoje, era magnífico que tudo o que queremos fosse a realidade

quinta-feira, abril 05, 2007

Eu, Desejo



No calor dos Mundos entregamo-nos um ao outro todos os dias, como loucos. Eu devoro-te nos meus pensamentos, tão longe o corpo, o corpo que pertence a minha cama, és o sorriso que vejo do outro lado do espelho e que me transforma num outro retracto.
No desespero longínquo dos dias, na sua imensidão que não passa, sinto saudades, saudades de te tocar, sentir-te atordoado, de agarrar toda a tua masculinidade, de agarrar em ti todo o teu corpo.
Beijo-te todas as noites no imaginário, tendo sempre a distância como companhia, nela nos revemos todos os dias, e continuamos a sonhar o dia do regresso.
Regresso para o mundo do desejo, que nos deita numa cama e nos ama, nos transmite todo um prazer bruto e duro, todo um prazer carnal, ficamos ali vermelhos de desejo, sedentos, quase descontrolados.
Amaldiçoou-te pelo dia em que me tocas-te e trouxeste tudo isto que tanto gostamos, maldito o dia em que senti a tua presença e ambicionei o teu cerne.Nunca serei tua porque não quero, nunca me terás a mim, apenas terás a minha cama. Na tua memória apenas ficará a recordação de um corpo nu que te transformava em suor, apenas ficarás com o cheiro do nosso desejo, porque o resto das lembranças vão-se com o cigarro que ascendemos depois... Tudo vai porque assim delineamos, assim meu Calor para ti serei sempre Desejo...

sexta-feira, março 23, 2007

Desapareço




Quem somos nós hoje? Quem está aqui no meu lugar, no teu?
Muitas vezes procuro a resposta para esta pergunta já que sei a resposta para tantas outras mas não consigo, quando olho bem fundo, quando olho tudo em ti, sinto este raspar de consciência a circundar-me os movimentos e paraliso.
Volto a ser criança e a sentir-me indefesa, indefesa dentro do nosso mundo que só nós sabemos e procuramos esquecer.
Demoro-me nos pensamentos, penso meticulosamente todas as palavras que te dirijo e vou assim gozando um pouco mais da tua presença aqui. Sinto-me quente, a ferver e estou crua ao mesmo tempo, porque te quero e te desprezo com todo o apresso que tenho por ti.
Sentimentos voam pelo céu e tu apanha-los todos, porque os queres para ti, um a um, guardas mais este pedaço de vida no teu baú, já que ambos estamos inertes. Vivemos e socializamos porque tem de ser, porque disfarçamos para o mundo o sofrimento de ser defunto. Somos defuntos do nosso próprio desgosto.
Quem iria saber? Porque não nos avisaram? Estávamos embriagados pelo calor que os nossos corpos transmitiam uma ao outro, pela vida que transpirávamos dos olhos, pela sensação de liberdade de ser tu.
Desapareço dali sem te dirigir uma só palavra de agrado, de carinho de ternura, fico com tudo para mim para não me esquecer, assim digo adeus ao que mais quero, só para não me ouvir dizer que amanha estarás aqui, que amanha a vida começa outra vez…para não me convencer que o mundo é perfeito….e que o dia á dia nos pertence.

domingo, fevereiro 11, 2007

Crua e nua


Beijo-te todo o corpo e delicio-me com o teu sabor de mel, sabor de paixão que não consigo acatar dentro do meu intimo. Já passam mais de 2 minutos em que não fazemos amor e sei que o meu tempo se esgota a cada segundo que corre.
Ainda não me conformo que vás embora tão cedo é sempre isto. Sempre que me tocas é por momentos, sempre que me beijas deixas o amargo doce da saudade, aqui dentro onde não consigo arrancar nem um bocadinho.
Aproveito assim os últimos momentos, bebo-os até a ultima gota, para que quando te fores ainda possa ficar um pouco mais tempo contigo, com a tua marca em mim.
Sais apresado, penteias o cabelo e relaxas o corpo saciado do meu, eu olho-te com uma ternura estúpida de quem sabe que erra mas gosta do sabor e do cheiro desse mesmo erro, gosta de ti e do pouco que lhe tens para oferecer.
Vais embora e então ai caio nas minhas lagrimas, e choro sobre o pedaço de lençol onde estava o teu corpo, ainda está quente e húmido do teu suor gasto no nosso prazer, prazer momentâneo que te satisfaz a ti mas não me completa a mim, apenas me apazigua.
Sei que voltarás mais sedo ou mais tarde, porque o teu corpo tem cede do meu, e vens beber-me outra vez, devoras-me a carne pura e duramente, nua e crua. E eu deixo, deixo que me uses como objecto, como teu presente, como a tua refeição mais saborosa, e vou esperando por isso, vou esperando que voltes sempre.Por isso estou aqui agora de lagrimas no olhar a pensar em ti e a sentir o teu perfume, a lembrar-me do teu toque e de como gostas de me ter nos teus braços, de me possuíres... Adormeço não só porque estou fisicamente cansada, mas porque a minha alma não aguenta mais, tento assim não sonhar contigo...tento não me lembrar do teus olhos, nem da tua pele macia a roçar na minha, tento esquecer-te...mas cada dia te lembro mais e por isso me apago a mim, mais um bocadinho, desapareço mais um pouco por cada minuto incansável que passo a esperar o reencontro...vou-me assim perdendo no tempo...perdendo-me no espaço...perdendo-me no meu mundo...perdendo-me por ti.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Metamorfose


Recolho-me no escuro e realizo a minha metamorfose, fecho os olhos e sou tudo o que posso ser num segundo. Fujo da realidade, sendo outras, choro e riu em sobressaltos.
Curo esta dor, peço para que saia, maldita, maldito seja também o meu pensamento puramente enamorado, que teima em roer e queimar o que comigo guardo com sorrisos.
Navego assim em aguas distantes, em pensamentos que viajam para uns braços conhecidos, braços que me amarram a um passado inexistente, fantasia que me torna dependente e vulnerável.
Choro tudo cá para fora, choro tudo de raiva da ingenuidade perdida, choro para um mundo cruel que me abate como presa, choro como uma criança, choro como fraca...
Desfaço-me em águas de alma e renasço das cinzas, numa força nova que me sobe das entranhas, abro os olhos como uma felina, ai prometo a mim mesma que não serei mais a presa.
Sorriu e brinco na tristeza porque dela se alimentam todas as almas, todos os infelizes aplaudem a desgraça dos outros, banqueteiam-se com ela e ficam felizes por isso.
Ri-te agora, na minha desgraça, ri-te e satisfaz-te nesta carnificina, enche-te de todos os sentimentos podres que regurgito. Hoje morri mas amanha nascerei, mais uma vez, tudo terá passado, tu não estarás mais aqui, poderei assim descansar, poderei respirar em paz...

sábado, janeiro 27, 2007

Tu Silêncio


Hoje preciso de escutar o silêncio, ouvi-lo bem baixinho em mim, sentir toda a sua brutal gentileza audaz. Preciso dele para satisfazer a minha ânsia de prazer, o prazer dos pensamentos desalinhados e abstractos que só ele nos trás, que apenas temos quando estamos ao lado da força que emana, quando ele é nosso conselheiro.
Relaxo e deixo que venha o sussurro...bem baixinho... deixo de ser correcta no mundo do invisível, ouço todo o seu ser tépido e sinto-me feliz, naquela felicidade carnal que descansa todas as vozes...todas as almas...Só tenho nevoeiro á minha volta... e silêncio.
Deixo que o meu corpo peça um banho. Assim que a agua toca na pele deixo que ela me explore e deslize sobre mim suavemente como pluma, deixo que esta assim acompanhe o meu silêncio...o meu tesouro, a minha herança mental.
Fico mais um pouco a sentir aquela frescura aquecida...deixo-me envolvida na hipnose.Saio do banho e seco todas as pingas, bem devagar como se fossem de cristal, digo-te adeus tranquilamente porque sei que regressarás mais tarde e ai poderei ouvi-te outra vez, no fundo és tudo o que me resta de autentico....tu...o silêncio

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Momentos de rua


Queria dormir contigo esta noite, sentir a tua barba a roçar na minha cara, ter o teu cheiro pelo corpo e saboreai-lo, olhar para os teus olhos e saber que embora fechados estavam a olhar para mim, a imaginar-me num lençol preto...saber que me desejas. Queria-te ao meu lado hoje, que me sentisses mulher, tua como sempre, tua como continuo até hoje.
Entra-me este cheiro nas narinas que vem com um sabor gelado, mas que me aquece por toda, este cheiro que eu adoro e que me faz lembrar a presença e o toque daquilo que mais desejo.
Saio para a rua nesta tarde morta de inverno em que todos tem caras pálidas de desespero. Sento-me num banco e observo as folhas a cair, lentamente...adoro-as quando caem assim e aterram suavemente no chão como se fossem um tapete persa para as pessoas que as pisam, elas caem como a esperança, a minha cai por terra em cada minuto que passa por nós e pela nossa historia.
Sinto-me fraca, no meu deste frio, inspiro todo o ar frio que posso porque este não tem cheiro e expiro, deito tudo cá para fora num sopro para ver se desapareces por magica. Mas os anjos não desaparecem, ficam sempre eternos e levam a nossa alma com eles, sinto falta de ambos, da alma e de ti...
Quando surgis-te na minha vida apanhaste-me desprevenida, envolvi-me na paixão desenfreada e sentida pelos dois. Mas não te acuso da dor que sinto agora, preciso apenas de ficar só...aqui...com a luz da rua acesa só para mim...quero ficar aqui no meu canto...porque a via segue lá fora...
Queria só que um dia voltasses, que abrisses essas lindas asas para mim, que o teu corpo fosse meu, que mesmo despida não sentisse frio...

sexta-feira, dezembro 01, 2006

O cheiro branco



Deito-me nos lençóis lavados de fresco, aquele cheiro agrada-me, remonta-me sempre á infância, são brancos e fazem com q o meu descanso pareça de um anjo. Cheguei hoje aqui a viajem foi longa mas o sitio vale todo o esforço.
Da janela de casa vejo a rua de pedra e a gente genuína que estranha aquela pessoa desconhecida. Não vim para ficar, vim para respirar a pureza que não encontro á muito na minha vida, sozinha com a mala e os livros. Vim apenas organizar todos os pensamentos bons, e esconder os maus na prateleira, este é o sitio ideal para isso.
Deixo-me estar mais um pouco deitada, a sentir o branco do ambiente e esticar as pernas cansadas. Aqui tudo cheira a novo velho.
Saio para dar um longo passeio, caminho por sítios que não sei o nome, mas para mim basta apenas observa-los. Encontro assim um riacho que me desperta os sentidos, dispo todas as roupas, meto-me dentro de agua, e sinto-me renovada, desfruto tudo aquilo que realmente é meu, a felicidade vem-me de dento e sorrio.
Saio da agua água fresca e sorridente uma boa meia hora depois. Quando viro a cabeça vejo-te a olhar para mim, com a tua cara de pasmo... agarras-me de saudades e eu cedo, encontraste-me ali, ainda não sei porque nem como, mas antes de saber a resposta, já estou no chão.
Beijo-te tanto como se todos os meus beijos fossem acabar, toco tudo o que tenho ali, perto, mas que sei que não é meu. Dispo-te e desejo-te mais a cada segundo. Consumo-me de duvida mas apago-as como a fósforos. Leio o teu desejo e quero-o para mim, sinto-te ali e entrego-me...deixo que me explores o corpo e que me toques na carne...tudo em nós arde, apenas arde e consome um pouco mais de nós por dentro.
Acaba e ficamos ali, até que tu adormeces-te, de cansaço dos quilómetros que percorres-te, e de todo o envolvimento nosso, deixo-te ali a dormir, prefiro que acordes sem mim e penses em mim como um sonho.
Desloco-me vagarosamente rápido do local, estou gelada por dentro. Quando cheguei, tomei uma banho e deitei-me na cama branca enrolada na toalha, os lençóis ainda cheiravam a fresco, mas eu estava podre no fundo.
Ali no branco chorei as ultimas lagrimas negras, senti a dor e adormeci com ela ao meu lado. A meio da noite levantei-me, olhei para a lua, disse-lhe olá, sentei-me no parapeito da janela e senti que te tinhas ido de vez...realmente tudo tinha acabado...resolvi o que faltava. No dia seguinte fui-me embora