segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Metamorfose


Recolho-me no escuro e realizo a minha metamorfose, fecho os olhos e sou tudo o que posso ser num segundo. Fujo da realidade, sendo outras, choro e riu em sobressaltos.
Curo esta dor, peço para que saia, maldita, maldito seja também o meu pensamento puramente enamorado, que teima em roer e queimar o que comigo guardo com sorrisos.
Navego assim em aguas distantes, em pensamentos que viajam para uns braços conhecidos, braços que me amarram a um passado inexistente, fantasia que me torna dependente e vulnerável.
Choro tudo cá para fora, choro tudo de raiva da ingenuidade perdida, choro para um mundo cruel que me abate como presa, choro como uma criança, choro como fraca...
Desfaço-me em águas de alma e renasço das cinzas, numa força nova que me sobe das entranhas, abro os olhos como uma felina, ai prometo a mim mesma que não serei mais a presa.
Sorriu e brinco na tristeza porque dela se alimentam todas as almas, todos os infelizes aplaudem a desgraça dos outros, banqueteiam-se com ela e ficam felizes por isso.
Ri-te agora, na minha desgraça, ri-te e satisfaz-te nesta carnificina, enche-te de todos os sentimentos podres que regurgito. Hoje morri mas amanha nascerei, mais uma vez, tudo terá passado, tu não estarás mais aqui, poderei assim descansar, poderei respirar em paz...

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindo .. intenso .. espelho de almas ..
que muitos sentem .. mas não expoêm
bjsss