sábado, junho 10, 2006

breu


Ouço o silêncio e refugio-me no seu obscuro, tento esconder-me do sentimento de não querer estar aqui! Sei que estas perto, ouço a tua respiração a quilómetros, ouço-te a respirar por ela a viver para ela, a sonhar com ela...a saboreá-la! A minha revolta é grande, sinto-e a ferver por dentro por saber que não tenho espaço aqui.
Doi muito estar nesta cama sozinha, com a gelidez da noite que envolve todo o solitário enegrecido pela saudade! A vida é assim nem todos tem um sorriso estampado na cara, não é a todos que a felicidade toca com as duas mãos de seda pura.
Procuro-te nos meus lençóis, mas apenas encontro o vazio de coisa alguma, então tento lembrar-me dos teus olhos, das tuas palavras e da atenção (misera atenção) que um dia me dedicaste.
Estou só, não quero isto, mas não está nas minhas mãos decidir...amanha é outro dia, é nisso que penso todos os dias e é essa força que me agarro com toda a lealdade que conheço.
vou dormir e fechar os olhos e em paz vou deliciar-me com o descanso do corpo pois esse é dos poucos prazeres que me restam...

Escrevo


Neste acesso de raiva escrevo, escrevo para mim e para o meu intimo. Para libertar tudo o que vou armazenando ao longo do tempo na minha concha, na minha casca, na minha caixa.
Só eu sei o que custa estar aqui sem ti, neste silêncio perturbador que não acaba,é tudo breu...esta dor incógnita que me corroí a alma obriga-me a rir para o resto do mundo, a esconder! Tenho vergonha de tudo isto...deste complexo sentido de ser, desta existência macabra e hipócrita que me obriga a mostrar o meu lado sempre de fachada.
Deixa-me sair, deixa-me fugir, quero sentir a liberdade de ser, era tudo tão mais simples se não estivesses aqui, se a tua indiferença e constante ignorar da minha pessoa não me ardesse assim tanto no peito...Então escrevo porque nas palavras toco a liberdade e mesmo sem tu saberes escrevo para ti e para te dar a conhecer aquilo que sou.
Queria que sentisses a minha falta tanto como eu sinto a tua presença em mim, a tocar cada centímetro da minha pele...Agora descasa por mim e por ti, porque a mim não me é permitido descansar, a minha alma inquieta grita-me a cada minuto o teu nome...assim vou vivendo, assim vou existindo....

O impossivel da verdade


A lua está linda, a sua imagem e beleza vão-me percorrendo as entranhas e deixando uma sensação de paz, nesta alma já tão atormentada...O dia foi longo parece que passaram anos, ainda bem que está aqui o luar e que ao menos ele me conforta a alma...um pouco, só um pouco não o necessário.
O medo continua aqui, o medo de olhar para o azul do céu e ver outro azul que é inalcançável ...proibido. Fujo, corro, escondo-me deste turbilhão de sentimentos que me persegue, que me inquieta. Ponho a mascara, a armadura e subo ao meu palanque...lá bem alto...para não me atingires com a plenitude daquilo que és, com o teu ser, com o teu espirito, que tanto desejo mas a que todo o custo ignoro.
É isto que estou, é nesta estúpida comunhão de sentimentos que me encontro, queria ter-te aqui, no meu colo, abraçar-te no meu regaço e chamar-te meu...sim meu...admito com toda a raiva e revolta interior que existe no mundo que te quero desesperadamente para mim...então caiu do pedestal que criei e acordo para o real, não te vejo para mim, pois se há coisas impossíveis tu és uma delas.
Então sento-me aqui...só sempre só...no meu canto...o resto é fumo...excepo a luz da lua...e tenho pena de não voar...de não poder abrir a janela, elevar-me, erguer os braços e receber a noite como minha...entregar-me assim a ti...
Assim, choro saudades de nunca te ter tido, de não te ter e porque nunca te terei. Esperarei por ti numa espera infinitamente longa, que provavelmente me levará ao desespero. Mas podes ter a certeza que haverá sempre um momento em que vou sorrir, vou rejubilar de alegria, onde a minha voz e gargalhada se vão ouvir na montanha...o momento em que fecho os olhos e o mundo é meu e todos os impossíveis se tornam reais...sim estarás sempre no meu sonho...

Fim de Tarde

- olá! que andas a fazer por aqui?
- vim tomar café.
- Sozinha?!
- Sim- disse sorrindo- por vezes é muito bom estar sozinha.
Segui-se um dialogo de horas, com grande com grande entusiasmo de ambas as partes, riam á gargalhada juntos...aquela sensação era mesmo agradável. A conversa era tranquilizante e estava a fazer bem aos dois. Veio mais uma água e mais umas histórias, por vezes banais e a conversa fluía.
Ela não sabia porque não lhe tinha dado atenção mais vezes, porque nunca tinha reparado assim muito nele, era bom estarem ali, ao sol do final da tarde, com o céu manchado das cores mais quentes do arco-íris e com o calor emanado pelas pessoas e pelo tempo.
- Bem tenho de ir embora- disse ela enquanto olhava apressadamente para o relógio- já perdi a hora
despediram-se com um beijo...Enquanto caminhava para casa, começou a pensar no que tinha acontecido deparou com um sorriso surgido de repente na sua cara...já não se lembrava da ultima vez que tinha sorrido, achou estranho tinha sido mesmo um final de tarde bem passado. Ele era realmente extremamente interessante, não só pelos olhos ou lábios perfeitos, tinha encontrado nele uma beleza diferente, uma beleza pessoal e única que lhe iluminava a presença, sorriu de novo e respirou fundo...reparou então que o Verão já tinha chegado...
Que pena que tivesse de ser assim e que provavelmente só o veria daqui a meses ou até mesmo anos. A vida por vezes é injusta, pensou, mas tinha passado um momento muito agradável e no fundo era isso que importava...Pena que o seu coração dizia o contrário.

Saiu


Aqui estou sentada no meu sitio predilecto, a pedra da cozinha, acompanhada do cigarro que me corrói os pulmões e sinto-me só...só comigo mesma e embrenhada nos meus pensamentos. Quero que a tua presença se desvaneça com o fumo, mas isso é impossível, infelizmente deixo que os meus pensamentos me dirijam até ti.
Ai noto que nenhum ser humano pode apagar a sua história, ela fica entranhada na pele, nas vísceras...na alma (ainda mais que no corpo). Continuo a observar o fumo no sei total esplendor branco-acinzentado e reparo na janela aberta da cozinha que deixa passar o ar quente da tarde, este abraça-me como se fosse meu irmão, e no fim de contas é mesmo, nele é transportado um cheiro a rosas do jardim a terra seca e a montanha...
Continuo a pensar em ti e de como o teu cheiro é parecido...sim ainda me lembro do teu cheiro, que na realidade sempre quis e sonhei que fosse meu. O cigarro acabou acendo outro para não perder o ritmo, pelo menos vou enchendo os pulmões de fumo, já que não posso encher a cabeça de bons pensamentos...Está um dia lindo hoje e eu dentro da cozinha a vegetar, tenho sempre a possibilidade de telefonar a alguém, mas penso que os outros não merecem o meu mau humor, não seria muito injusto está um dia mesmo bonito.
Preparo um café, talvez me dê energias ou pelo menos mantém-me ocupada, martirizar-me por causa das consequências dos meus actos não vale a pena eu já as conhecia...sou adulta não posso cometer erros isso é-me exigido constantemente.
continuo aqui a sentir-me miserável , nem o café ou o tabaco ajudam o tédio, este sentimento encontra-se em mim há dias...Nisto toca o telefone...ouço uma voz conhecida, familiar...a dizer que sente a minha falta ... digo que não sou companhia para ninguém hoje...a voz insiste...eu sedo.Sai de casa ainda com uma réstia de sol no horizonte, chego e recebo um beijo na testa e sorrisos devido a minha cara entediada. É nesse momento que o meu corpo se inunda de um amor, de um calor e de um carinho tocante e envolvente...e tudo isto nem mesmo o teu cheiro consegue...ai descubro a felicidade...sim aqui no lugar onde está a amizade...