quinta-feira, agosto 03, 2006

Trilhos, caminhos e vontades




Sentada neste vão de escada observo-te meticulosamente, sinto o desejo a percorrer-me a medula. Muitas vezes quando olho para ti sinto saudades de ser menina, agora tudo se tornou muito mais complicado, menos objectivo, mais traiçoeiro...Vou sorrindo enquanto te olho, não reparas, nunca tiveste essa sensibilidade...
Sinto-me tão culpada, tão imunda e tão triste, sou uma como se fosse duas, porque beber do teu riso faz-me bem.
Estas demasiado perto...tento entreter as mãos com alguma coisa, vens e sussurras ao meu ouvido, coro por dentro mas mantenho-me falsamente natural por fora, tento perceber que não podes produzir em mim tantas sensações...
Estão tantas noites e luas para descobrir e eu já me sinto velha e cansada, desta vida que é rápida mas que demora tanto tempo a passar nas horas mortas. Estou perdida e embriagada pela vida, não sei para onde vou, nem muitas vezes sei o que sinto. Relembro-te e sigo na direcção oposta, prefiro enfrentar a trovoada do que ver-te outra vez, amar-te outra vez....
Sinto-te e caminho mais rápido, para um caminho que sei que não é o meu, mas que escolhi para mim, para que o meu trilho fugisse do teu, para que a minha alma fosse livre.
Rasgo assim o passado dos sentimentos, trespasso-os e mutilo-os para não me ouvir a mim mesma , hoje tornei-me na minha e na tua pior inimiga, para poder crescer na solidão que escolhi para mim.
Parte de mim reclama-te a ti e ao teu saboroso aroma que me lembram os dias mais bonitos e o som da própria maresia. Perco-me assim na minha própria mulher, perco-me porque me agarras-te, porque não sei viver sem a tua intelectualidade estimulante.
Chora comigo, agora, porque nos vamos...abraça-me...depois corre para o teu caminho...corre para os braços dela...

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